domingo, 3 de março de 2013

História de Forquilhinha : Por Adolfo Back - XLIV


10.- Participação Política.

 

Lembramo-nos muito bem: Quando éramos menino, nosso avô materno, que tomava certo interesse nas eleições, insistia junto a papai para que este tomasse parte na política, insistência esta a que papai nunca cedeu, e disse:- "Este João é um cabeçudo."

De fato, poucos eram os que tomavam parte ativa nas eleições. Não se pode dizer nas campanhas políticas, pois que raramente aconteciam. Só os do sexo masculino, acima de vinte e um anos de idade, podiam ser eleitores. Só compareciam às eleições, votavam e, se não compareciam, também davam o seu voto, pois que até os mortos votavam nas eleições a bico de pena. Não era, pois, de admirar ou censurar o comportamento dos eleitores em tais circunstâncias. Assistimos a uma destas eleições a bico de pena, em que o secretário de mesa receptora chegava a escrever uma vez com a mão direita e depois com a mão esquerda os nomes dos eleitores não presentes e comentava:- Este escreve bem; este escreve mal. De acordo com

estes comentários imitava a letra melhor ou pior. Más línguas também diziam que até os pés eram usados para variar a letra dos votantes.

Todos os habilitados a serem eleitores, o eram; porém só compareciam às mesas receptoras dos votos, quando de fato havia candidatos de oposição. Com isto não quer se afirmar que os nossos eleitores, eram de oposição, pelo contrário pode-se dizer que os nossos colonos eram muito conservadores e seguiam o conceito: Vamos deixar como está, para ver como fica.

Já com a idade de 35 anos é que tomamos parte numa campanha verdadeiramente renhida, na qual tomamos parte na mesa receptora como mesário. Foi no dia 10 de março de 1930, sendo candidato do Partido Republicano Júlio Prestes e do Partido Liberal Getúlio Vargas.

Os eleitores de Forquilhinha, com pouca exceção, fiéis ao lema, votou em Júlio Prestes. As cenas tristes que presenciamos junto à mesa eletiva dos votos, bastaram para que tivéssemos sempre aversão à política partidária. Um velho pai, cujo filho era fiscal da mesa pelo Partido Liberal, querendo votar no candidato oposto, não se conteve de nervosismo de que foi vítima, e estava tão trêmulo que não lhe foi possível de imediato assinar o nome no livro. Foi recusado pelo filho, que servia de fiscal: Outro eleitor, cujo nome no título estava errado e que, com propriedade, foi recusado pela mesa, indignou-se de tal maneira dentro do recinto, que rasgou à vista de todos o seu título e foi preso em flagrante, aliás só por uma hora. Apesar da vigilância aguda da mesa e dos fiscais que a rodeavam, um eleitor votou com o seu título regularmente, e como um irmão dele não tivesse comparecido para dar o seu voto, cujo título estava em seu poder, mudou de roupa, pôs lenço grande  no pescoço, uso este  muito comum na época, veio disfarçado para votar em nome do irmão, sentou-se à mesa e ainda simulando não saber onde assinar o nome, votou e ninguém da mesa o percebeu; só depois o caso foi contado com muito gracejo.

Veio o Estado Novo. Houve uma ou outra vez em que pudemos participar de eleições, mas logo eram consideradas sem efeito, devido a medidas tomadas na esfera federal. Na formação dos partidos políticos de 1945 e mais tarde, agora já com possibilidade de se alistarem não só os do sexo masculino com mais de dezoito anos de idade, como também o sexo feminino, devíamos decidir-nos no qual devíamos filiar-nos. A escolha não foi difícil entre os dois partidos de maior projeção e de programa idêntico. Escolhemos o partido da União Democrática Nacional, pois que os dirigentes do Partido Social Democrático eram, em grande parte os mesmos que nos fustigaram nos tristes episódios de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando fomos obrigados a queimar todos os livros, documentos e anotações feitas sobre o desenvolvimento da comunidade, dados estes que não mais podem ser restaurados com fidelidade. Nesta escolha, poucos foram os que não nos acompanharam e assim o fizeram devido a rixas internas, que sempre prevalecem em tais oportunidades. Assim vimos tomando parte ativa no desenrolar das campanhas políticas para cumprir dever de cidadão brasileiro, mas não para com elas tirar proveito pessoal.

Na administração do Prefeito Marcos Rovaris, Gabriel Arns foi eleito conselheiro municipal, função praticada gratuitamente. Em 1946, fomos eleitos vereador, posto este que ocupamos por três legislaturas consecutivas. Só percebemos um subsídio; este não compensava os gastos de transporte e pernoite em Criciúma. De uma feita os companheiros do partido, em 1950, pretendiam lançar a nossa candidatura para Prefeito de Criciúma, que recusamos, tendo, porém Gabriel Arns aceito. Havia então três candidatos à Prefeitura de Criciúma: Pelo P.S.D. candidatou-se Paulo Preis, filho de Forquilhinha; pela U.D.N., Gabriel Arns e pelo P.T.B. um terceiro candidato.

A campanha foi renhida e vieram as eleições e a apuração. O resultado foi a vitória de Paulo Preis, que venceu com menos de cem votos a mais dos que foram dados a Gabriel Arns. Mais dois habitantes de Forquilhinha, ainda foram eleitos para a Câmara Municipal, Luís Tiscoski e Aloísio Back, porém estes pelo P.S.D., para uma legislatura o primeiro e o segundo para duas legislaturas em Criciúma, após o desmembramento do município de Nova Veneza, lá também por duas legislaturas. Ainda foi eleito de Forquilhinha para a vereança em Criciúma Alfredo Arns pelo Partido Social Progressista (P.S.P.), o partido de Ademar de Barros de S. Paulo. Houve, pois, um tempo em que dos 11 vereadores de que se compõe a

Câmara Municipal em Criciúma, três representavam a nossa comunidade, a saber, Aloísio Back, Alfredo Arns e Adolfo Back. Desde que Adolfo Back se retirou voluntariamente das lides políticas, ocupou o seu posto Fidelis Back, ora ainda em atividade e no segundo período legislativo. Finalmente, em Nova Veneza, Aluím Arns ocupou, na bancada da U.D.N., por duas legislaturas consecutivas, o posto de vereador. Do acima exposto é evidente a participação efetiva dos habitantes de Forquilhinha na política partidária e na escolha dos seus dirigentes.

Ainda, um filho de Forquilhinha, Arlindo Junkes, ocupou o importante posto de Prefeito em Criciúma.

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