domingo, 3 de março de 2013

História de Forquilhinha : Por Adolfo Back - LIII



19.- Cooperativa de Eletrificação Rural.

 

19.1.- Primeira Eletrificação

Rural.

 

Com as múltiplas instalações pertencentes à Sociedade União Colonial, como sejam, a fábrica de banha, a de laticínios, a garagem, os paióis, os depósitos e a loja, de muito se sentia a necessidade de iluminação mais adequada que os lampiões a querosene ou o lampião aladim; a empresa concorreu com dez mil cruzeiros e se associaram outros da redondeza e instalaram um motor a gasolina e

um gerador de força elétrica. E foi levada a todas as dependências da Sociedade e às casa mais próximas a corrente elétrica para iluminação mais condizente, em 1950. Achava-se nesta época já instalado pelo Sr. Alfredo Steiner, num lote urbano, doado por Gabriel Arns e anexo ao terreno da Sociedade, um hotel, onde residia com a família e atendia os transeuntes com cama e mesa. Como a fonte da energia elétrica se achava localizada perto do hotel, Alfredo Steiner colocava o motor em movimento, vigiando-o durante o tempo em funcionamento, que geralmente ia até às 10 horas da noite e sempre com 15 minutos de antecedência dava um sinal com a luz, lembrando os demais usuários que a luz estava para terminar.

 
19.2.- Fundação da Cooperativa.
 
 
O Governador do Estado, Heriberto Hülse, ordenou a C.C.E. estender na zona de, Forquilhinha uma longa rede de fios para eletrificação de nossa localidade e das localidades vizinhas. Esta rede devia ser entregue a uma entidade capaz de se responsabilizar pelo bom e correto aproveitamento de todos os abrangidos por esta rede.
Guiados por técnicos vindos de Florianópolis, Bonassis e Schmidt, fundou-se a Cooperativa de Eletrificação Rural Ltda. Com sede em Forquilhinha. Com os estatutos elaborados e adequados, houve a primeira eleição para a Diretoria da nova cooperativa, sendo eleitos Alfredo Michels, Fidelis Back e Aloin Kurtz, para presidente, gerente e secretário, respectivamente. Por diversos anos, o escritório funcionava e a revenda de material elétrico vinha sendo efetuada na antiga casinha onde se achava instalada o motor e operador da primitiva Força e Luz de Forquilhinha. Com a demolição antiga igreja da nossa localidade em 1962, o material aproveitável desta fora cedido à nova cooperativa, que, tendo adquirido um lote urbano de 14 por 40, sito na Rua João José Back e Avenida Cinquentenário, aqui construiu a sua sede, onde dispõe de amplo e bem iluminado escritório, o almoxarifado e um não menos amplo posto de revenda do material elétrico para os associados.
Esta Cooperativa, hoje chefiada por Osvaldo da Silveira, Dionísio Trichês, Fridolino Steiner e G. Steiner, sendo presidente, vice-presidente, gerente e secretário respectivamente, começou as atividades em princípio de 1959. Conta hoje com 60 km de rede de alta tensão e 100 km de rede baixa, servindo a colônia de Forquilhinha, a sede, bem como toda a zona rural, as localidades de São Defende, Linha Reta, Sangão, São Roque, Verdinho, Primeira Linha  e Espigão da Toca. Desta última localidade ainda se estende sobre o morro Mãe Luzia, fornece  energia às duas torres repetidoras da televisão Gaúcha e a Piratini de Porto Alegre. Os estatutos preveem toda pessoa física uso-frutuária da energia, compulsoriamente deve ser associada da cooperativa e as pessoas jurídicas recebem a força mediante convênio celebrado entre estas e a cooperativa, não tomando parte nas decisões nas assembleias gerais, bem como não têm parte no patrimônio da Cooperativa.
O número de associados também aumenta dia a dia, mesmo que não seja estendida a rede para outras povoações, só com o crescimento das localidades diretamente servidas com a rede elétrica. Figuram, no Livro Matrícula da Cooperativa, 420 nomes de associados pertencentes à Cooperativa Eletrificação Rural de Forquilhinha. Todos estes podem gozar de iluminação adequada e ótima em suas residências, nos paióis, estrebaria e pocilgas e outras dependências, como usarem da energia para geladeira, ferro elétrico, rádio, televisão, bombas para água, moinhos a martelo e em muitas outras utilidades de suas tarefas diárias e para a sua recreação.
Num longo e explícito memorial, a Cooperativa se dirigiu ao Ministério de Minas e Energia, expondo a necessidade de renovar a extensa rede, quanto ao posteamento e fios mais  espessura, principalmente na parte da subestação em Mãe Luzia até a sede de nossa localidade. Este memorial demorou a ser atendido e veio a verba solicitada, porém, muito sobre o fim do ano passado, não havendo mais a possibilidade do emprego da verba, ainda mais que se tratava de verba de fim específico, caindo assim em exercício findo e voltando ao Ministério. Requerida novamente para este ano, com a colaboração de nosso Senador Dr. Álvaro Catão, a verba tornou e está sendo aplicada em postes de cimento armado, todos já erigidos, aguardando a colocação dos fios nos próximos dias. Só o posteamento e os fios, no trajeto de Mãe Luzia a Forquilhinha, custarão aproximadamente 20 milhões de cruzeiros velhos, cedidos pelo Ministério. A ação de pôr em seguro o trajeto da subestação em Mãe Luzia foi muito acertada e necessária, visto ser o tronco principal de toda a extensa rede e que, a partir de Forquilhinha, se ramifica em todas as direções. Pode-se comparar com um alicerce de um edifício, que, uma vez este sendo solidificado, se pode construir sem temor, sabendo que o fundamento é firme e seguro. Assim na rede-tronco, qualquer obstáculo vem prejudicar toda a rede e ninguém a pode aproveitar, enquanto o obstáculo não seja removido. Havendo, no entanto, um defeito em um impedimento, numa das linhas colaterais, as demais estarão em pleno funcionamento.
Neste relato verifica-se de quanto um Governo cônscio de suas responsabilidades, com relativos pequenos recursos, pode proporcionar inestimáveis benefícios a toda uma população, como, no caso, o Governador do Estado, Heriberto Hülse, e recentemente o Ministro de Minas e Energia. A Cooperativa de Eletrificação Rural de Forquilhinha obedeceu a um plano-piloto no Estado e quiçá em todo o território pátrio; pois, de todas as partes abundaram as indagações aos nossos diretores de como era constituída a nossa cooperativa e muitos para cá se dirigiram, para, in loco, se certificarem e conhecerem como funciona a nossa empresa. Lá do longínquo Nordeste, Pernambuco, foi , solicitada informação de como funcionava e se regulamentava a nossa empresa de eletrificação rural.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário