7.3.- Fábrica de Lacticínios.
Desde o início das operações comerciais da
Sociedade União Colonial, já se tinha em mente uma fábrica de laticínios; porém
era projeto para o futuro. O maior entrave para a realização deste projeto, considerava-se
fosse o técnico em laticínios. Esta preocupação é que deu origem à incumbência
dada ao Padre Paulo Linnartz, por ocasião de sua ida à Europa, para tratar de
diversos assuntos de suas cogitações, de lá também cientificar-se da
possibilidade de se conseguir um técnico em laticínios. Ainda da Europa nos
escreveu, solicitando condições de emprego, que de imediato lhe fornecemos. O padre
Paulo voltou e nada conseguira em, referência ao técnico desejado, deixando no entanto
a nossa proposta com um amigo seu.
No dia 26 de maio de 1936, justamente no dia
da inauguração da fábrica de banha, apareceu José Milz como especialista em laticínios.
Achava-se a execução deste intento muito antecipado; porém, para não perder o profissional
já disponível, pensou-se em estabelecer a fábrica de laticínios na antiga fábrica
de banha, que agora se achava desocupada. Deram-se, pois, os primeiros passos para
criar a fábrica de laticínios, inclusive se assinou um contrato com José Milz,
redigido por ele mesmo e em exigências muito além das que tínhamos enviado para
a Europa, de que ele, José Milz, negava ter conhecimento.
Procuravam-se em Florianópolis, em Porto
Alegre, as máquinas indicadas pelo profissional e não se conseguiram. Neste
ínterim, José Milz fora a Florianópolis e, voltando de rescindiu o contrato,
dizendo que fora aconselhado pelo cônsul que dizia inaceitável para ele o
contrato. Embora esta tentativa fosse um completo fracasso, a ideia permanecia.
No dia 9 de abril de 1937, convocado o Conselho
de Administração, em reunião extraordinária, compareceram todos os membros,
inclusive o Vice-Presidente Geraldo Westrup. De início Gabriel Arns passou a
presidência ao Vice-Presidente; pois, no assunto a ser tratado nesta reunião,
ele Presidente, era parte interessada. A seguir, Gabriel Arns propôs o
seguinte:- Toda a área de terras a começar da estrada que dá para a nova
fábrica de banha, também a área fora deste muro, em que está situada a referida
fábrica, até à ponte de arame, e fazendo fundos na estrada geral e frente no
rio Mãe Luzia, com todos os prédios existentes e a ele pertencentes, ele, proponente,
venderia ao preço de 55.000,000 mil-réis, sendo que, durante todo o ano de
1938, não cobraria juros, só terminado este prazo cobraria os juros de 6%. A proposta
foi aceita por unanimidade.
Em Araranguá existia uma fábrica de queijo de
propriedade de França Hahn e, como não pretendia continuar por falta de leite,
nos ofertou a compra dos arranjos que mantinha na fábrica, como cedia o
queijeiro, José Luciano da Silva, ainda jovem. Aceitou-se a compra e aceitou-se
o jovem queijeiro.
Em novembro de 1937, deu-se início a fabricação
de queijos na ex fábrica de banha. Ao produto do queijo de nossa fabricação
deu-se a marca SUCO,
que eram as iniciais de nossa firma, juntando no final a letra O. O queijo
marca SUCO, teve no comércio, principalmente em Rio Grande e Pelotas, boa aceitação.
A queijaria funcionou no local inicial até o
ano de 1942, quando as exigências do Inspetor do D.I.P.O.A. tomou improrrogável
a construção de nova fábrica de laticínios nos moldes exigidos pela Inspetoria.
Demoliu-se o antigo paiol de madeira e no mesmo local se edificou a nova
fábrica. Os serviços de pedreiro foram executados por Henrique Preis, que por seu
trabalho por empreitada recebeu 4.500,000 mil-réis. As aberturas foram
fornecidas pela marcenaria de Gabriel Arns.
Obedecida a planta exigi da, tínhamos amplos
espaços para todas as dependências e o aquecimento do leite era feito a vapor
fornecido por um pequeno locomóvel, fabricado pela Firma Memack e Companhia da
cidade de Cachoeira do Sul, que também movia a desnatadeira e uma circular e a
bomba que trazia a água do rio para a limpeza de diversos vãos onde era
manipulado o queijo.
Em 1942, foi adquirida por compra de Otávio
Lebarbenchon uma fábrica de queijos em Braço do Norte, pelo preço à vista de
18.400,000 mil-réis. Também se lamentou a pouca produção de leite e, dado o
pouco zelo dos empregados, a fábrica não pôde subsistir. Em setembro de 1945, as
casas e o terreno onde se situava a queijaria em Braço do Norte, foram vendidos
a João Effting para a fábrica de espelhos, pelo preço de Cr.35.000,00.
A queijaria esteve em funcionamento perto de
trinta anos. Com o crescimento extraordinário da cidade de Criciúma, o consumo do
leite também acompanhou esta evolução e, portanto, o leite produzido em
Forquilhinha e redondezas nunca chegou a suprir a capacidade das nossas
instalações; veio diminuindo até que a fábrica de queijo não mais foi possível.
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