7.9.- Sociedade Anônima.
Por diversas vezes, tivemos a visita de gerentes
do Banco do Brasil, primeiro o de Laguna e repetidas vezes o de Tubarão. Pela palestra
que mantivemos, notamos como estava a par de toda a situação da firma. Numa
destas visitas ele lamentava a nossa situação ilegal e que por isso não lhe era
possível ceder-nos maiores financiamentos. Amigável, mas severamente nos
advertiu de procedermos à transformação da firma, pois que estávamos ilegalmente
registrados na Junta Comercial como Cooperativa e funcionávamos diferentemente.
Esta advertência severa nos levou de imediato
a procurar um advogado, José Pimentel para a transformação da firma em
Sociedade Anônima. Não era fácil esta transformação, e o Dr. Pimentel chamou
mais o Dr. Müller em auxílio e transformaram a nossa firma, que desde 1951
passou a razão comercial à denominação Sociedade União Colonial S.A., como fora
registrada na Junta Comercial do Estado.
7.10.- Beneficiador de Arroz e Atafona.
No mês de abril de 1954, adquirimos de
Fridolino Michels o beneficiador de arroz, atafona com os respectivos prédio e
terreno 380.000,00 cruzeiros.
7.11.- Melhoria de Plantéis.
No período governamental de Heriberto Hülse,
foi assinado um convênio entre o Governo do Estado e a Sociedade União Colonial
S.A. para a construção de uma estação de monta e uma grande pocilga para
reprodução das melhores raças de suínos, de onde os colonos não só de
Forquilhinha, mas de todo o Sul do Estado pudessem renovar os seus planteis. Estas
construções eram custeadas pelo Governo do Estado num terreno da Sociedade União
Colonial S.A. durante cinco e, se necessário, até dez anos, e após este prazo
seriam doados à Sociedade União Colonial S.A., com a obrigação de manter e
mesmo de melhorar a estação por conta própria. Construiu-se a casa para armazém
e almoxarifado, a pocilga, estábulo para dois touros, um de raça holandesa e
outro da raça Jersey e um local para estação monta. Todos os arranjos foram
povoados com um ótimo plantel de animais das melhores raças. O terreno, com
167,5 m de frente e 800 de fundo situado à beira da estrada estadual, perto do
centro de Forquilhinha, apresentava as melhores características.
Tudo se desenvolveu rapidamente e parecia
trazer um futuro promissor, quando houve a troca de governo estadual em 1961.
Na pugna eleitoral, o candidato do Partido Social Democrático, Celso Ramos,
venceu as eleições e este assumiu o governo do Estado, contestando o convênio.
Dizia-se que um tal empreendimento devia permanecer um bem público e que o terreno
deveria ser doado ao Estado, que era executor das obras. Dados estes pontos de
vista o governo municipal de Criciúma, durante a gestão do Prefeito Arlindo
Junkes, filho também de Forquilhinha, fez a compra do terreno, pertencente à
Sociedade União Colonial S.A. por determinado preço, mas, por falta de verba,
se arrastou o pagamento por diversos anos, e só foi pago pelo Prefeito
subsequente, Dr. Ruy Hülse. A escrituração e a doação do terreno fora imediata.
Como, porém, o terreno foi pago só pelo preço inicialmente estipulado, sem
juros e correção monetária, e justamente na época em que o nosso dinheiro
sofreu o maior índice de desvalorização, o maior doador do terreno ao Estado
veio a ser a Sociedade União Colonial S.A.
7.12.- Novo Aumento de Capital:-Dissolução.
Com a desvalorização de nossa moeda, que já
se fazia sentir em todos os ramos de atividades e, de um modo geral e especial
no, comércio e também pelo fato de termos empregado grande parte de nosso
capital social em moveis e imóveis, a Diretoria Executiva da Sociedade se
sentiu na obrigação de propor um aumento do capital social. Elaboraram uma proposta,
apresentaram-na ao Conselho Fiscal, que forneceu um parecer favorável.
A seguir foi convocada uma Assembleia Geral
Extraordinária para a assinatura das ações propostas. Na reunião desta assembleia
houve muitas contrapropostas e debates e discussões. Era opinião da maioria que
se pusesse um limite ao máximo das ações a serem subscritas por acionista, e
este limite não devia ser muito elevado a fim de todos poderem subscrever este
máximo, para assim conservar a igualdade de direitos e de capital na Sociedade desde
o início de sua existência. Este limite máximo motivou longas controvérsias,
debates, discussões, pois que, sendo fixado este limite muito módico, não se
atingia o total proposto, e. por outro lado os sócios de menos capacidade desejavam
um prazo mais longo para integralizarem as suas ações subscritas. Longamente
debatido, em tom de cordialidade se chegou a um acerto. Estipulou-se o limite máximo
de C$ 50.000,00 e concedeu-se um prazo de dez anos para integralização das
ações a serem subscritas. Verificara-se, desde os primórdios da Sociedade, que
as integralizações do capital se efetivavam, por muitos, apenas com os retornos
dos lucros de cada um justamente os de menos posses levariam muito tempo para complemento
de suas ações. Com o raciocínio de que o capital assim elevado para mais do quádruplo,
de 830.000,00 para C$ 3.530.000,00, seria o suficiente para a marcha
evolucionária da Sociedade União Colonial S.A. dentro do prazo concedido,
cedeu-se às imposições do limite máximo e do longo prazo para o término da
integralização das ações.
Quão pernicioso e maléfico foi esta deferência,
só no decorrer dos dez anos de prazo a Sociedade observou e veio a sofrer as consequências.
A desvalorização galopante de nosso dinheiro veio a recrudescer justamente dentro
deste prazo concedido, em que o preço das utilidades subiram por mil vezes o
preço anterior e um novo aumento do capital não era possível, enquanto as ações
anteriormente subscritas não estivessem completamente integralizadas, de acordo
com a Lei de Sociedade Anônima.
A ação maléfica da inflação que se vinha
sentindo antes deste aumento de capital, continuou. Tornando-se cada vez mais insustentável,
a Sociedade, claudicando, vinha-se arrastando de ano para ano sem poder
evoluir; pelo contrário foi obrigado a vender parte de seus bens mais
dispensáveis, como o caminhão Mercedes Benz adquirido em 1956. O beneficiador
de arroz com os demais pertences, a fábrica de extração de óleos vegetais, introduzi
da em 1957, e, finalmente, o Posto de Monta, para se manter até o fim de 1965,
quando na Assembleia Geral Ordinária de 1966 se resolveu convocar uma
Assembleia Geral Extraordinária, para então deliberarem sobre a liquidação da
firma. Na Assembleia Geral Ordinária, de começo de 1957, o gerente Adolfo Back,
que vinha dirigindo a sociedade desde o início, portanto por vinte e dois anos,
sentindo-se doente, pediu demissão do cargo e seu substituto foi Fidelis Back,
que era o guarda-livros por dez anos.
O passivo da firma foi todo solvido, muitos
ex-sócios receberam as suas ações em dinheiro ou em lotes urbanos e outros bens,
recebendo os primeiros dez por um e os últimos quinze por um, os restantes
esperam a liquidação total da empresa. A antiga fabrica de banha, que mereceu o
número de inspeção 302, durante muitos anos assinalava um regular movimento e
introduziu, após a sua construção inicial, outros melhoramentos, como o tacho
de fundo duplo e outros. Desde que os caminhões dos frigoríficos do Norte do
Estado aqui compareceram, comprando os suínos para o abate, por terem melhor e
completo aproveitamento do produto e, portanto, um preço melhor para os porcos vivos,
a nossa fabriqueta ficou um tanto paralisada até que, afinal, foi-lhe cassada a
inspeção, sem a qual não se podia exportar para o consumo interestadual. Os
utensílios, mesas cobertas de aço inoxidável, cochos de aço inoxidável, prensa
e tacho de fundo duplo, foram vendidos ao Frigorífico ora existente em nossa localidade.
Assim se percebe, ao rememorar os acontecimentos,
que a sociedade comercial de nossa localidade começou com um debilíssimo fundamento
econômico, se desenvolveu rapidamente, igual a uma árvore frondosa, e por um
infortúnio imprevisto desapareceu do tumulto do mundo.
Lembra-nos este fato de quando líamos a
História Universal: no final, constava uma reflexão dos acontecimentos de todos
os tempos, como se descortinaram no decorrer dos tempos muitas potências que de
peque ninas se soergueram em potestades, submetendo outras contemporâneas,
chegando ao ápice de dominar grande parte do mundo, para dali declinarem a um
país débil ou desapareceram totalmente do mapa mundial.
Continuando com esta reflexão de tudo quanto
há no orbe terrestre, chega-se à conclusão que tudo é inconstante e perdível,
notadamente a vida humana.
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