14.- Obras
Públicas Municipais.
No mês de outubro de 1960, realizou-se a eleição para a escolha
do Prefeito que devia dirigir os destinos do município de Criciúma. Houve,
pois, como sempre, a campanha política. Eram candidatos a este posto Neri Jesuíno
Rosa e Aldo Luz. O primeiro filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro, lançado
pelo seu partido e apoiado pelo PSD, portanto por dois partidos de grande
projeção no município; o segundo, lançado pela UDN e apoiado pelos o partidos
existentes e menos proeminente. O resultado da eleição foi a vitória, por
considerável margem de votos, de Neri Rosa. Em janeiro subsequente às eleições,
por ocasião de vestição de um grupo de novas irmãs em nossa igreja matriz, que
todos os anos é um dia de festa e onde muita gente se faz presente, também compareceram
os dois candidatos. Como, porém não tivéssemos tido relações de espécie alguma
e éramos desconhecidos de Neri
Rosa, Aldo Luz, num gesto bem democrático, nos apresentou ao novo Prefeito
eleito. Estava assim tomado o primeiro contato com Neri Rosa, e é um ato democrático reconhecer na pessoa que obteve a
preferência da maioria numa eleição, a autoridade que se lhe deve atribuir,
respeito e consideração, palestramos por algum tempo e assistimos juntos a mais
uns festejos no colégio, onde se plantou uma árvore, simbolizando o crescimento
e a expansão da Congregação em todos os sentidos.
Terminados
estes festejos, Néri Rosa não se demorou, pois que estava de viagem para S.
Jerônimo no Rio Grande do Sul, zona esta também carbonífera, onde queria colher
algo de útil para aplicar também em Criciúma, durante a sua gestão à frente dos
destinos do município.
Logo após à
sua posse, em 31 de janeiro de 1961, veio à nossa procura e à procura de melhoramentos
para a nossa localidade e mesmo da zona rural. Prefeito este, que evidentemente
sabia, pelos resultados das urnas, que em nossa zona coletavam os votos, que a
grande maioria não sufragara seu nome. Reconheceu que aqui ainda havia união de
pensamentos e esta união devia ser mantida e conquistada para o bem da comunidade
local e municipal. Uma das suas primeiras iniciativas foi a de melhorar e tornar
mais produtivos os trabalhos na lavoura, por intermédio da mecanização. Sabendo
dos preços muito elevados para trator e outros implementos procurou agrupar
oito até dez pessoas num plano piloto: futuramente seguiriam outros agrupamentos.
Este
plano-piloto consistia em que o grupo em conjunto compraria um trator implementos mais necessários,
semeadeiras, adubadeiras e outras máquinas mais necessárias para bom desempenho
da produtividade. A aquisição destas máquinas, o Banco do Brasil financiaria.
Formou, pois, o primeiro grupo, que não chegou a efetivar pelas dificuldades apresentadas
pelo Banco do Brasil.
Seguiram-se
as propostas e planos de melhoramentos na sede da localidade: o calçamento de
uma parte da rua principal, um posto de saúde, um jardim ao lado da igreja e a iluminação
pública na sede. Como a Prefeitura não possuía nenhum patrimônio nesta
localidade, ocupou-se logo com a compra dos locais do posto de saúde e do
jardim. Isto conseguido, pôs de imediato mãos às obras sugeridas. No calçamento,
facilitou o pagamento da parte que tocava aos proprietários dos terrenos
marginais. Pôs imediatamente em obras o posto de saúde e o jardim. Todos estes
trabalhos iniciados deviam seguir ritmo um tanto acelerado, pois que, em julho
de 1962, Forquilhinha pretendia festejar o cinquentenário de fundação. De fato,
todos os trabalhos postos em execução estavam prontos, mesmo antes da semana
destinada aos festejos dos cinquenta anos de existência de nossa localidade.
Nos dias vinte
e cinco e vinte e seis de julho de 1962, quando a festa chegava ao seu ponto
alto, teve lugar primeiro a inauguração do posto de saúde e o descerramento da
placa. Para descerrar a placa, o Prefeito Neri Rosa convidou Adolfo Back, que,
atendeu ao pedido, sem nada suspeitar. Quando, porém, retirando o pano com que
a placa se achava cerrada, deparou-se com os dizeres: Posto de Saúde João José
Back, homenagem ao falecido pai. Sentiu-se tão comovido que não pôde conter as
lágrimas.
Já no dia
seguinte, após as missas, o povo reunido junto ao jardim, onde, em sua parte central,
tinha o Prefeito ordenado erigir um obelisco. Na parte de cima, num plano
inclinado e embutido se achava a placa com os dizeres da dedicação. Coube desta
vez ao Bispo Diocesano, D. Anselmo Pietrulla, o afastamento do pano, com que a
placa se achava encoberta. O jardim era denominado: Praça D. Anselmo Pietrulla.
Outra surpresa.
Quando em
30 de maio de 1962, tudo se achava em preparação para o cinquentenário, num
domingo apareceu o Prefeito Neri Rosa e, perante diversas pessoas, declarou
que, para o corrente ano, não mais dispunha de verbas no orçamento de
Prefeitura, que pudessem ser aplicadas em outros melhoramentos para
Forquilhinha, mas que refletíssemos quais os benefícios mais carentes em nossa
comunidade e os apresentássemos com antecedência para serem incluídos no
orçamento do próximo ano. Em palestra que se seguiu, Fidelis Back disse que
necessitávamos com prioridade de um mercado seguro e de grande consumo para a colocação
dos suínos, que são apresentados para o abate na zona Sul do Estado. Como a construção
de um frigorífico de grandes proporções não era possível, dada a avultada quantia
que iria custar, talvez seria viável a compra de carros frigoríficos de grande capacidade
para levar os suínos abatidos e destituídos das vísceras, para o mercado de São
Paulo e do Rio. Neri Rosa, porém, ficou apegado na ideia da construção de um
frigorífico. Devia-se pesquisar e procurar meios para tal fim.
A opinião
permaneceu viva com Neri Rosa. Em Florianópolis, em palestra com o Deputado
Federal, Pedro Zimmermann, abordou o assunto, já que este, por muitos anos,
esteve em contato direto com o frigorífico da firma Jansen em Itoupava em
Blumenau. Convencionou com o Deputado uma data em que uma comissão de
interessados de Forquilhinha devia comparecer em Florianópolis, para irem juntos
de lá para Blumenau para ver e colher dados sobre a formação de um frigorífico próprio.
O Prefeito pôs um carro e o chofer à disposição da comissão para as pesquisas
do intento. Formou-se a comissão, composta de Apolinário Tiscoski, Intendente
do Distrito, e Adolfo Back, que rumaram em direção à Capital do Estado com
carro e chofer da Prefeitura. Lá chegando, não encontraram o Deputado Pedro Zimmermann,
que, de viagem urgente e imprevista, seguira para São Paulo, e como não pôde
estar de volta na data aprazada, telegrafou de São Paulo para Florianópolis e
para a Firma Jansen em Itoupava, avisando no primeiro telegrama que a comissão
devia seguir, só, para Blumenau, pois que a firma estava ciente da vinda dessa
comissão. No mesmo dia, a comissão chegava a Itoupava e pôde ver que a Firma Jansen
estava à nossa espera. Deram as informações sobre tudo o que era preciso para
um frigorífico em proporção média, mostraram todo o frigorífico que eles mantêm
e concluíram que um estabelecimento nas mesmas proporções e capacidade iria custar
acima de duzentos milhões. A comissão agradeceu, por tantas gentilezas que recebeu,
e se pôs a caminho de volta.
Em Florianópolis
tiveram ainda um encontro com o Deputado que, neste ínterim, voltara de São
Paulo. A nossa comissão expôs tudo que viu, as gentilezas dos informantes e seu
desengano para um tal empreendimento caríssimo. O Deputado, no entanto,
animando-nos, disse que, apesar de tudo, não devíamos perder de mira o intento.
Tinha assim o Prefeito Neri Rosa nos prestado um grande favor e demonstrado o
grande interesse que mantinha por nossa comunidade e o município. Infelizmente,
no terceiro ano de sua administração à frente da nossa comuna, por pressões
políticas, acabou renunciando ao cargo de Prefeito e mesmo se afastando do
município. Durante o seu governo
festejamos o cinquentenário da existência de Forquilhinha, e para a sua honra,
um ato de gratidão, podemos e devemos afirmar, sem temer contestação, que o Prefeito
Neri Rosa, praticamente em dois anos, mais beneficiou o distrito de
Forquilhinha, que o rol de todos os prefeitos em
quase cinquenta anos, pois que afora o grande beneficio prestado à nossa
comunidade pelo Prefeito Aldo Caldas Faraco, com a construção da ponte sobre o
Rio Mãe Luzia, nada mais resta até ao nosso cinquentenário, se bem que na lista
dos prefeitos até então figure um filho de Forquilhinha.
Após o
afastamento de Neri Rosa, para o término do quinquênio a ele destinado, o PSD, com
maioria na Câmara Municipal, elegeu Prefeito para o término do mandato, Arlindo
Junkes, filho de Humberto Junkes de Forquilhinha, já falecido, que sempre demonstrava
certa propensão para o Partido de Representação Popular, mas que nem por isso, deixou
de nos acompanhar nas campanhas políticas. O Prefeito Arlindo Junkes não nos deixou
em completo abandono, pois que melhorou a iluminação pública, conservou as ruas
em bom estado e deixou amontoada uma parte dos paralelepípedos para o
calçamento da Rua João José Back.
Aproximava-se
o término deste mandato e, portanto, nova campanha política estava a se
desenrolar. Eram candidatos do PSD e do PTB Aldo Caldas Faraco e pela UDN e apoiado
pelo PRP o Dr. Ruy Hülse. Em todas as campanhas anteriores, a UDN não conseguiu
sair vitoriosa e colocar um prefeito de Criciúma. Também desta vez as
esperanças eram mínimas.
Veio o pleito de 3 de outubro
de 1969 no dia seguinte, com diversas mesas apuradoras dos votos, a apuração se
desenrolou em ritmo acelerado, pois que as expectativas eram enormes de ambos os
lados. Eram acima de setenta urnas a serem examinadas e verificadas. Os resultados
eram publicados pelas estações de rádio da cidade. Uma constante troca de
posições dos candidatos. Ora um, ora outro na frente com poucos votos. Quando
chegou a noite se fez uma pausa nos trabalhos, para se fortaleceram com um
jantar, o Dr. Ruy estava na frente, com 4765 votos. Recomeçados os trabalhos,
seguiram-se diversas urnas com expressivas vantagens de Addo Faraco, assim que
não demorou este a recuperar toda vantagem e sair na frente. Faltavam ainda as
urnas de Forquilhinha e redondezas a serem apuradas. Terminadas também estas, deu
um resultado não muito expressivo a favor do Dr. Ruy, porém o suficiente para
se considerar eleito. A tensão existente durante o dia todo fez com que, na mesma
noite, grande número de carros conduzindo muita gente com o candidato vitorioso,
vieram até a nossa comunidade para um desabafo.
Aos 31 de
janeiro de 1966, o Dr. Ruy Hülse assumiu o posto da Prefeitura. Infelizmente encontrou
situação financeira extremamente difícil e descontrolada.
Não desanimou e enfrentou
todas as dificuldades. Primeiro cuidou do desajuste dos contribuintes de imposto.
Este ajuste lhe trouxe muitas dificuldades e mesmo muitos dos seus companheiros
de campanha eram agora ferozes adversários. Não se intimidou. Seguiu o rumo traçado
que achava o certo e necessário, não olhando a quem podia ferir, se companheiro
ou adversário. Depois de equilibrar as finanças
municipais, pôs mãos à obra.
Inúmeras são as obras de vulto no município que já realizou e outras de grande
porte estão em andamento, assim que os mais ferrenhos adversários não escondem
a satisfação que sentem da boa administração. Também para nós ele tem mostrado
boa vontade. As estradas municipais, que, no distrito, são inúmeras, estão em
ótimas condições para o trânsito. Também a sede do distrito assinala diversos
grandes aterros, como o da Cooperativa, o do Clube e da praça. O maior benefício
está reservado para o ano que vem, que consiste na abertura da estrada em rumo
reto, a começar da sede do distrito até Pinheirinho em Criciúma, cujos
trabalhos topográficos já está realizados. O calçamento da rua João José Back se
encontra em andamento.
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