2.9.-Sanga do Coqueiro
Seria interessantíssimo um estudo de como
varia a designação de nomes usados para o mesmo objeto, a mesmíssima coisa, de
região a região dentro do mesmo Estado. Esta variação de denominações ainda
mais se acentua de estado para estado, de zona para zona.
No Brasil distingue-se a zona Sul, o Centro,
o Nordeste, o Norte, o Oeste. Assim acontece que os brasileiros, muitas vezes,
não se compreendem, dado o termo empregado divergir nas diversas regiões.
No Rio Grande do Sul e mesmo no Oeste
catarinense, todas as espécies da planta tubércula, a mandioca, se denominam
com este termo, enquanto nós, do Litoral e mesmo em outros estados,
diferenciamos a mandioca propriamente dita do aipim, variedade própria para
comer, enquanto o riograndense e no Oeste de Santa Catarina fazem a distinção
com mandioca para cozinhar.
Conhecemos o abusivo e molesto pernilongo com
este nome; porém, no Norte é denominado muriçoca.
O riacho, o ribeiro, o córrego, o regato, em
nossa zona é infalivelmente denominado de sanga. Em nosso distrito, temos a
Sanga do Coqueiro, a Sanga do Meio, a Sanga do Engenho, a Sanga do Jacu e, para
variar, com o aumentativo temos ainda o rio Sangão. Poder-se-ia alongar estas
interpretações com termos que noutras regiões são incompreensíveis ou, quando
muito, não usados. Pretendemos reportar-nos à Sanga do Coqueiro, principalmente
à parte sul deste ribeiro, onde se formou uma colônia filial de Forquilhinha,
hoje conhecida pela colônia de Santa Teresinha, nome dado a esta população, pelo
fato de lá ter-se soerguido a capela em honra à Santa Teresinha do Menino
Jesus.
A Sanga do Coqueiro tem as suas vertentes na
margem direita do rio São Bento, não muito distante da embocadura deste no rio Mãe
Luzia. Serpenteando por entre as planícies e colinas, a Sanga do Coqueiro de
início dista apenas pouco mais de um quilômetro do rio Mãe Luzia, afastando-se
deste gradativamente, assim que, na altura do centro de Forquilhinha, já assinala
distância de cerca de 3 km entre os dois rios, tomando daqui um mais acentuado
rumo sul e, portanto, afastamento cada vez maior, para se lançar no Rio do
Cedro, poucos quilômetros acima da afluência deste no rio Mãe Luzia, que, antes
e depois de Maracajá toma o rumo francamente sudoeste, convergindo assim para mais
perto do seu competidor.
O curso inicial e médio da Sanga do Coqueiro
não se encontra muito distante do centro paroquial de Forquilhinha e, portanto,
são os moradores ao longo de suas margens considerados pertencentes a este,
porém a parte final apresenta afastamento de mais de 10 km da sede paroquial e
distrital.
Os terrenos às margens da sanga, se não são
de primeiríssima fertilidade, são bons e se prestam a, todas as culturas.
E evidente que os terrenos com as características
acima referidas e descritas foram de imediato cobiçados, adquiridos e ocupados.
Na década de vinte para a de trinta, entraram pessoas de Forquilhinha e de
outros lugares na zona da Sanga do Coqueiro-Baixa, sendo entre estes os de
origem alemã: José Wessler, Paulo Machado, Gregório Westrup, Pedro Steiner, Ernesto
Beckhauser, Martinho Kammer, Norberto Sehnem, Matias Sehnem, Francisco Loch,
Matias Loch, Augusto Loch, Augusto Ricken e Augusto Schmoeller. Todos se consideram
estreitamente vinculados à colônia-mater, no sentido religioso, escolar,
político e social.
Inicialmente, sempre que possível vinham
todos a cavalo pelas péssimas picadas, aos domingos e dias santos, às funções
religiosas, às missas; muitos freqüentaram a nossa escola, alojando-se, neste
caso, em casas dos parentes. Nas campanhas políticas acompanhavam ao lado de
pessoas com quem tinham mais estreitas amigáveis relações e, finalmente, muitos
tomaram parte ativa na Sociedade União Colonial S.A., desde o começo e foram
fervorosos colaboradores e defensores desta Sociedade.
Dada a grande distância que os separava da
sede de Forquilhinha, é evidente que pouco a pouco conseguiram uma escola
pública para a localidade, sendo professora Dona Rosália Loch da Rosa, e também
a bela capela de Sant Teresinha, que é fervorosamente freqüentada pela
população. Desde 1955 foi-lhes concedida mesa receptora de votos.
A estrada municipal que liga Santa Teresinha
ao centro paroquial e municipal, por a longos anos permanecia intransitável
para veículos motorizados em tempo chuvoso e só nos últimos anos é que ficou
consolidada, dando entrada e saída em qualquer tempo. Talvez anexação do território
de Santa Teresinha a novo município de Nova Veneza foi a causa desta injustiça
praticada ao povo desta localidade.
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