2.7.- A Mudança.
Afirmação popular diz:- Duas mudanças
consecutivas equivalem a um incêndio total da habitação. Consideram-se os
grandes gastos e dispêndios de tempo, arranjos que devem ser abandonados e
adquiridos para a nova morada e muitos outros inconvenientes trazidos com a mudança
de lar. Talvez queira parecer-nos um tanto exagerada esta asseveração. Quando, porém,
se trata de translação para longe em que não é possível levar, sem grande
dispêndio de tempo e dinheiro, os móveis e muitos outros bens, e que se toma
necessária à venda de tais objetos e adquiri-los para a nova morada, a afirmação
se toma verdadeira. Quando se toma necessária à venda, não se encontra
comprador e só compram se o preço é muito aquém do real. Assim foi o nosso
caso. O terreno com todas as instalações, os móveis e muitos outros objetos,
que não era possível levar, foram postos à venda e se conseguiu colocá-los por
fração do valor real.
Capivari, São Martinho, São João, de onde
vieram os fundadores de Forquilhinha, dista no máximo 150 km. A mudança era
feita com cargueiros e animais de montaria, o único meio de transporte e
locomoção viável naqueles tempos. Em muitos casos se fazia também o percurso a
pé. Conduziam-se algumas vacas leiteiras e bois para tração do arado. Quando a viagem
corria sem maiores acidentes, gastavam-se cerca de quatro dias.
Mas
também tomamos parte da mudança de Carlos Sehnem. No fim do primeiro dia da
caminhada, chegamos a Gravatal. Durante a noite desabou chuva muito forte e
assim continuou a semana toda, sem possibilidade de prosseguirmos a viagem. O
gado e os animais, fomos obrigados a recolher em outro potreiro; pois, o
primeiro ficou todo inundado. Quando a chuva cessou, depois de uma semana, o prosseguimento
não era possível, devido ao alagamento dos caminhos pelos rios transbordantes.
Só após quinze dias, chegamos, Forquilhinha.
Dos
pioneiros de Forquilhinha, aqui chegou primeiro José Arns e, dias após, João José
Back, Gabriel Arns e Geraldo Westrup. Bernardo Warmling, considerado como
pioneiro do núcleo de Forquilhinha, era um dos componentes que, vindos do Braço
do Norte, fundaram o núcleo de São Bento; mas dada a sua adesão a Forquilhinha
em todas as iniciativas, foi considerado merecidamente um dos cinco pioneiros
desta localidade. A data exata em que os primeiros moradores deram entrada em Forquilhinha,
não sabemos, só a de João José Back, que foi no dia 15 de abril de 1912.
Nenhum dos primeiros moradores tinha casa
própria, e alugaram nas imediações uma casinha para se abrigarem, até que, com
sua estada permanente, construíram nos seus terrenos a casa própria. João José
Back alugou uma casinha no terreno hoje pertencente a Dionísio Nuernberg e que
fora habitada por João Cuba, russo que estava de saída. Nesta casinha, no dia 13
de fevereiro de 1914, nasceu a primeira criança dos novos moradores de Forquilhinha,
que recebeu no batismo o nome de Apolinário Back e que hoje, na Ordem dos
Franciscanos, atende por Frei Jerônimo, filho de João José Back e Isabela
Westrup Back.
Por ocasião da chegada na nova morada, se fez
ouvir os estalidos dos foguetes; mas as filhas já moças, vendo em seu derredor só
capoeiras e uma casinha de madeira, com lágrimas nos olhos, exclamaram:- Vale a pena atirar foguetes por tudo que nos
é dado ver!
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