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Culturas Principais.
Existe uma lenda que o nome
dado ao rio que percorre toda a zona de Forquilhinha, de norte a sul, tem a sua
origem de uma velhinha, viúva, que tinha a sua morada em qualquer parte à beira
deste mesmo rio. E esta mãezinha era chamada Mãe Luzia. O que de histórico
existe neste conto não o sabemos, no entanto, existe este nome dado ao nosso
rio, bem como o morro solitário, não muito distante de Maracajá, denominado o
Morro de Mãe Luzia, onde se erguem as duas torres repetidoras das televisões, a
Gaúcha e a Piratini.
O rio Mãe
Luzia, que nasce nas imediações de Lauro Müller, nas encostas da Serra do Mar, seguindo quase
que paralelo à Serra em rumo sul, serpenteando por entre os morros até a cidade
de Nova Veneza, onde começa a se afastar cada vez mais da Serra do Mar.
Dessa
cidade em diante na margem direita, já não mais existem os morros; porém, na
esquerda a cordilheira de morros vem acompanhando o rio, diminuída de altitude
para desaparecer por completo e ter se afastado cerca de 1000 metros do rio, na
localidade de São Defende. Apesar de o rio Mãe Luzia descrever uma linha
irregular, mantém, de modo geral, o rumo de norte para o sul, recebendo na
margem direita os afluentes São Bento, Rio do Cedro e Manuel Alves e na margem
esquerda o rio Sangão, para desaguar no rio Araranguá. Em todo este trajeto,
após ter saído da porte montanhosa, os terrenos marginais conservam as mesmas características,
i.e., as várzeas baixas, terrenos de aluviões, muito férteis, fáceis de serem
atingidas pelas cheias fluviais; sobre as margens, planícies com pequeno
declive em sentido contrário ao rumo do rio também excelentes para o cultivo do
milho, a soja, a cana, batata-doce e batata-inglesa e outros; com variações de
200 a 1000 metros da costa do rio, seguem-se elevações lentas e não acentuadas,
no máximo de 6 m acima do plano geral, que são outeiros mais ou menos extensos,
aqui impropriamente denominados espigões. São estas colinas ótimas para o
plantio da mandioca e, mesmo, uma vez cultivadas e adubadas, para todas as
culturas. A sequência de tais ondulações é muito variável, às vezes, com
pequeno intervalo entre um e outro espigão, mas também distanciados até 500 ou
mais metros.
Entre estas
elevações assinalam-se planícies, e, no sentido do rumo do rio, declividade
perceptível; mas no sentido contrário, conserva o mesmo nível, mesmo que se
apresente com maiores extensões. Estas depressões são terrenos úmidos, devido
ao difícil escoamento da água pluvial. Denomina-se de banhado, mas não são
brejos, mas transitáveis com a carreta ou o carro de bois. Seriam estes terrenos
perfeitamente cultiváveis para o milho e a soja, caso houvesse perfeito
esgotamento por intermédio de uma draga; por via braçal é muito dispendioso,
por se tratar de grandes distâncias onde abrir os canais para dar vazão à água.
Estes terrenos úmidos são aproveitados para potreiros e, principalmente, para a
cultura do arroz. Assim, esta cultura é usada desde os primórdios da
colonização sulina de Santa Catarina. Em lugar dos canais para o esgoto das águas
pluviais, se introduz agora água aos rios para a irrigação dos arrozais, como
vimos na descrição do canal de Santa Teresinha, na margem direita do rio Mãe
Luzia, e como também existe um na margem esquerda, que capta a água do rio Mãe
Luzia não muito distante de Nova Veneza. Esta canalização da água é executada
pela firma de Criciúma de Damásio Reis. De certa altura, aquém da povoação de
Mãe Luzia, divide-se em dois ramos principais, um servindo aos agricultores da
linha de Forquilhinha e o outro, à linha do Banhadinho, que são imediatas.
A indústria
do beneficiamento do arroz também se faz presente desde o início da colonização.
Primeiro, a máquina de beneficiar arroz de Gabriel Arns, seguindo a indústria
de Fridolino Michels, que vendeu o descascador à Sociedade União Colonial e
esta, em seguida, vendeu a Nicolau Trevisol. No início de 1962, Antônio
Aléssio, que mantinha boa instalação para o beneficiamento do arroz no lugar de
Rio Morto, resolveu montar uma indústria moderna para o beneficiamento do arroz
em nossa comunidade, para o que adquiriu um terreno que pertencia a Alfredo
Steiner. Perto do rio Mãe Luzia e próximo ao centro de nossa vila, edificou,
primeiro, um prédio de 50 por 28m, com dois pavimentos, sendo que o segundo pavimento
começou sobre uma laje de concreto armado, que abrange toda a área, menos as entradas
para o depósito de arroz. Na parte térrea foi instalada moderna máquina,
fabricada e adquirida em Jaboticabal no estado de São Paulo, com potência de 50
sacos de arroz em casca por hora. Todas as máquinas em uso no
estabelecimento, são movidos a
motores elétricos. O arroz a granel, todo ele, é
transportado por elevadores, e
o ensacamento é mecanizado, como também a costura dos sacos. Nos fundos, ao
lado do rio, em outra construção com 50 por 12 m, encontram-se instalados os
tanques e os secadores do arroz. Este processo do preparo do arroz foi
introduzido no nosso Estado, primeiro, no vale do Itajaí, de onde se expandiu
para todas as zonas arrozeiras de Santa Catarina.
A inovação
do processamento de beneficiação do arroz consiste em que o arroz procedente
das lavouras é despejado em grandes tanques com água, revolvendo-se suficientemente
para que os eventuais resíduos da palha e o arroz chocho venham a flutuar sobre
água e facilmente sejam afastados. O arroz coberto com a água aqui permanece em
média 70 horas, variável de acordo com a temperatura existente. E evidente que
grande parte da água é absorvida pelos grãos de arroz, que ficam intumescidos a
ponto de darem começo à germinação. E o momento de o arroz ser tirado do tanque
e posto onde as correias elevadoras o conduzem para despejar dentro de tubos cilíndricos,
a girar aquecido a fogo. A posição desses tubos é quase horizontal, com uma pequena
inclinação pelo lado onde derrama o arroz já um tanto aquecido e apanhado por
outra correia que o conduz a um outro tubo, com as mesmas qualidades de
funcionamento. Assim passando por quatro tubos consecutivos, o arroz se
encontra suficientemente seco e é elevado na altura necessária para derramar
por intermédio de calhas no segundo pavimento do prédio principal, onde é
espalhado para o devido esfriamento. Todo esse processo da secagem automático e
mecanizado. Apenas a retirada dos tanques é executada por via braçal. São diversas
as finalidades deste processo do arroz antes de entrar no descascador
propriamente dito. Em primeiro lugar, com a inchação provocada pela infiltração
da água no tecido celular e caindo o arroz neste estado nos tubos secadores, a casca
se desprende do grão e com facilidade é removida pelo descascador sem forçar o grão
nela contido e, portanto, havendo assim pouca quebra dos grãos. Uma segunda
finalidade de processo é ligar os grãos já quebrados pelas trilhadeiras ou nas
lavouras pelas intempéries do tempo a que estavam expostos nas lavouras. O
grão, embora quebrado, conserva na casca unida as partes quebradas: amolecido
pela ação água, a cola intrínseca do grão liga as partes quebradas nos
secadores, tornando-o no seu estado normal. O terceiro objetivo do processo é a
coloração do grão, que se apresenta com a cor amarelada, igual ao tipo do arroz
amarelão que obtém o melhor preço no mercado consumidor. Em quarto lugar se
afirma que o arroz assim processado rende cerca de 5% a mais e, finalmente, o
arroz que se denomina de arroz de estufa, ao cozinhar-se, apresenta os grãos soltos
e não, pastoso como o arroz comum, sendo mesmo mais gostoso, e querem que seja nutritivo,
contenha mais vitaminas. O certo é quem se habituar a comer o arroz de estufa dificilmente
aceita o arroz comum.
Também se
acha instalada na entrada para o estabelecimento uma balança com capacidade de
trinta mil quilos, em que os caminhões são pesados com a sua carga; deduzida a
tara, se obtém o peso líquido do produto. Este empreendimento em plena atividade
é manobrado por doze operários, o que bem demonstra que todos os trabalhos mecanizados
no que é possível. Este empreendimento encetado por Antônio Aléssio se achava
em pleno desenvolvimento, quando foi o empreendedor barbaramente assassinado em
pleno centro da cidade de Criciúma, no 3 de janeiro de 1963. Os trabalhos, com
pequena interrupção de continuidade, como é natural prosseguiram pelos filhos e
já entrou em atividade a industrialização no mesmo ano
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