4.2.- À Procura do Menino Jesus.
É bastante conhecido o fato histórico, relatado
na Bíblia Sagrada, dos três Reis Magos, que se puseram a caminho do Extremo
Oriente, guiados por estrela misteriosa a indicar-lhes algo de extraordinário,
o nascimento do Filho de Deus em qualquer parte do mundo. Obedecendo ao caminho
mostrado pela inexplicável estrela, chegaram a Jerusalém, onde a estrela-guia desapareceu
repentinamente. Indagando então junto a pessoas competentes onde nascera o que Menino,
o Rei dos judeus, a estranha investigação causou a Herodes e a toda a população
de Jerusalém grande assombro. Reuniu o rei Herodes os letrados e estes verificaram,
segundo a profecia, que devia ser em Belém. Os Reis Magos prosseguiram o caminho
rumo a Belém, e novamente lhes apareceu a estrela misteriosa e os guiou à
cidade procurada e parou sobre o local onde se encontrava o Menino Jesus.
Entraram na casa e encontraram o Menino com Maria, sua mãe, e o adoraram e
presentearam-no. Quanto penoso, cheio de sacrifícios de toda espécie lhes apresentou
tão longa viagem, cheia de ilusões; porém, a Sagrada Escritura conta que se
achavam extremamente felizes ao encontrarem o Menino Jesus.
Um fato na história de Forquilhinha se assemelha,
em parte, a busca do Menino Jesus pelos Reis Magos. Até os primeiros dias do
mês de janeiro de 1919, o professor Jacó Arns tinha preparado um grupo de
adolescentes, de ambos os sexos, 22 ao todo, para a primeira comunhão.
Até esta data por falta de sacerdotes e mesmo
de um local, capela, para esta festividade, ainda não fora dada a oportunidade
e a felicidade deste ato religioso, embora um deles já contasse com a idade de 17
anos. O professor entrou em contato com o Vigário e as Irmãs de São Ludgero e combinaram
levar até lá o grupo de jovens, onde receberiam os últimos retoques de conhecimentos
necessários para serem admitidos à primeira comunhão. Tendo ajustado, partiram daqui
o professor Jacó Arns, Lieschen Sehnem Hoepers, Adélia Arns, Maria Steiner com
o grupo dos 22 jovens, com cargueiros, levando roupas, víveres e animais de
montaria para o pessoal da excursão. Houve um caso em que três irmãos, Adolfo,
Paulo e Valentina Schneider: tinham um só animal disponível para os três irmãos
montarem, se bem que já eram bastante crescidos, de 17, 15 e 14 anos. A grande
maioria seguiu a dois para um animal de montaria.
Não se pode ter ideia exata
de quanto representava em sofrimentos e sacrifícios para os nossos jovens cavaleiros
tão mal acomodados, nos longos e quentes dias do mês de janeiro, partindo daqui
e seguindo o itinerário por; Criciúma, Urussanga, Rancho dos Bugres, Azambuja,
Pedras Grandes, Barra do Norte, onde pernoitaram, seguindo no dia imediato até
São Ludgero, ao todo acima de 100 km. As pessoas que acompanharam a caravana,
tinham a incumbência de atender os jovens em lugar das respectivas mães, que
não puderam acompanhá-los.
Lá chegando, foram bem
recebidos e agasalhados, participando das últimas instruções, e no dia 26 de janeiro
de 1919 foram solenemente recebidos à primeira comunhão. Junto aos 22 jovens
mais um menino de 9 anos de idade, Bernardo Philipi de São Ludgero, que estava
de partida para o seminário de São Leopoldo, compartilhou das festividades. Era
este menino o conhecidíssimo cônego Bernardo Philipi, capelão nos últimos
tempos no Hospital São José de Criciúma.
Com muita antecedência o
padre Cônego Bernardo Philipi entrou em contacto com pessoas que ainda residem
em Forquilhinha e tomaram parte da primeira comunhão de 26 de janeiro de 1919,
para reunir todos os sobreviventes e festejar no dia 26 de janeiro de 1969 o
cinquentenário da primeira comunhão.
Tudo estava encaminhado para
este invulgar cinquentenário, quando o Cônego foi acometido da terrível doença,
a leucemia, que pôs rapidamente fim a sua preciosa vida. Já no leito de morte,
nos últimos dias de vida, disse a
um dos companheiros da primeira comunhão, o companheiro
de fila, Arnoldo Preis, que deviam continuar a promover este raro
cinquentenário e, como ele não mais poderia estar presente, fizessem os
festejos em Forquilhinha e não em Criciúma, como fora inicialmente previsto,
que ele lá do céu tomaria parte nas solenidades que promovessem e que, caso
alguém, dos companheiros tivesse um pedido, uma súplica, se dirigissem a ele lá
no céu; pois, ele intercederia junto a Deus.
Realmente o Cônego Bernardo
Philipi faleceu santamente no dia 5 de dezembro de 1968, não conseguindo
sobreviver ao dia do cinquentenário e seus restos mortais foram levados e
enterrados em seu torrão natal, em São Ludgero.
Os sobreviventes que residem
em Forquilhinha, principalmente Arnoldo Preis e Delfina Arns Steiner se deram
os melhores dos esforços para reunirem o maior número de jubilandos; porém,
muitos já faleceram, outros residem muito distantes e o comparecimento se tornou
impossível e finalmente há os cujo paradeiro nem mais se conhece nem se ainda contam
entre os vivos.
Compareceram às solenidades,
que constou de missa em ação de graças e uma mesada de bolos, doces e café: uma
de Nova Veneza, Dona Helena Backes; um do Rio do Cedro, Adolfo Schneider e
quatro de Forquilhinha, os dois promotores da festa e as viúvas Catarina Back e
Maria Sehnem. Presidiu a comemoração do dia junto à mesa oferecida, Amoldo
Preis, que homenageando os falecidos companheiros, citou as recomendações do recém-falecido
Cônego Bernardo Philipi e propôs um minuto de silêncio em memória dos companheiros
já falecidos, que todos atenderam de pé. A seguir agradeceu em nome de todos a Dona
Adélia Arns Back, a única presente das pessoas que acompanharam a caravana, a
fim de atender as crianças em todas as suas necessidades que surgissem, na distribuição
das roupas, quando se tornava necessário mudá-las, no refeitório e no dormitório,
dizendo que de fato, embora então ainda moça solteira, os atendeu com
verdadeiro espírito de mãe carinhosa em todas as vicissitudes.
Dando continuidade à
comemoração do cinquentenário, franqueou a palavra a quem dela quisesse fazer
uso. Pediu a palavra em primeiro lugar a irmã Beatriz Sehnem, fazendo companhia
a sua irmã Maria Sehnem, dizendo do prazer e satisfação em tomar parte numa
comemoração tão invulgar, tão rara, porém com muita propriedade. Por último
ainda falou Adolfo Back, convidado de honra, que também assistiu à festa da
primeira comunhão em São Ludgero, dizendo que a ideia de festejar o cinquentenário
da primeira comunhão fora muito feliz, que os participantes desta comemoração
certamente se lembravam durante a missa desta manhã, lembram-se no momento e
lembrarão no futuro este dia e todos os companheiros da jornada, todas as
pessoas, que de um ou de outro modo contribuíram para a realização deste
evento, mas que, de modo todo especial deviam recordar de duas pessoas que
participaram destes acontecimentos, o Cônego Bernardo Philipi, idealizador
desta festividade e que não pôde tomar parte ativa, pois que Deus o chamou há
muito pouco tempo antes da data aprazada para esta comemoração, e por último do
professor Jacó Arns, que tudo idealizou, tudo realizou, tudo fez para que se
concretizasse dia 26 de janeiro de 1919, e, portanto, merecedor de nossa gratidão,
estima reconhecimento.
Finalizando os festejos, os
presentes ainda cantaram diversos cantos, entre estes cantos "Fest soll
mein Taufbund immer stehen" na melodia como cantaram no dia da primeira comunhão;
pois, atualmente se canta com outra melodia. Dando por encerradas as
festividades todos rumaram aos seus lares contentes e satisfeitos.
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