sábado, 2 de março de 2013

História de Forquilhinha : Por Adolfo Back - XXI


4.3.- Construção da Capela.

 

É evidente que, depois de termos construído a primeira escola, também surgiu a ideia da construção da casa de Deus, a capela ou Igreja.

 Tentou-se, primeiro, um entendimento entre a colônia vizinha, São Bento, ambas ainda pequenas, para unirem-se e construir a capela que viesse a servir a ambas as povoações. Também S. Bento endossava a ideia dessa união. Vieram às reuniões de ambas as partes, quando se discutiu a localização da capela. Começou o jogo de empurra para cá, empurra para lá, ou o de puxar para cá e puxar para lá. São Bento cedeu até ao local onde hoje mora Germano Warmling além do rio S. Bento e Forquilhinha até ao local onde reside Vericundo Tiscoski, na margem direita do rio Mãe Luzia. A distância entre os dois locais não ultrapassava dois quilômetros. Nenhuma parte cedeu e malograram todos os entendimentos. O malogro gerou certa rivalidade entre as duas colônias irmãs e se arrastou por muitas décadas. Presentemente a rivalidade se extinguiu quase por completo e, acreditamos, de parte a parte, todos bendizem o desacerto.

Frustrados assim os entendimentos para a capela em comum e dispondo a nossa colônia de uma área de terras de cerca de 1O ha, doado por João José Back, na margem esquerda do rio Mãe Luzia, área esta destinada para a escola e para a capela, onde fora já edificada a escola decidiu-se a construção da capela no referido terreno, que oferecia ótimas condições topográficas, apresentando relevo bem acentuado e afastado mais de duzentos metros da estrada geral de Criciúma a Araranguá, hoje a rua principal, a Avenida 25 de Julho. Na extrema da parte sul se escolheu o local para edificar a primeira capela.

Durante os anos de 1917 a 1919, Forquilhinha tinha recebido considerável acréscimo de novos moradores. Eram estes os dois irmãos Davi e Joaquim Junkes, os três irmãos Bernardo, Antônio e José Eyng, os dois irmãos Nicolau e João Preis, aquele com os dois filhos Antônio e Leopoldo, os três irmãos Evaldo, Edmundo e Francisco Hoepers, os dois irmãos Jorge e José Steiner, Frederico Oderdenge, Gabriel Westrup, José Sehnem e Paulo Hahmann, Felipe Boeing, Antônio Heerdt, Pedro João Loch, Francisco Back, João Kurtz Sênior e João Kurtz Filho, Carlos Kühlkamp, o Matias Back, com as respectivas famílias.

Reforçado assim o número de moradores, a animação cresceu rapidamente, No ano de 1919, de posse de duas plantas para a construção da capela, uma pequena e a outra maior, como sempre, em tais circunstâncias, havia opiniões divergentes quanto ao tamanho da capela e

outras particularidades. Os moradores de Forquilhinha, numa reunião, elegeram três pessoas para serem os administradores da construção. Foram escolhidos Gabriel Arns, Frederico Oderdenge e Bernardo Kestering.

As divergências de opiniões quanto ao tamanho da capela já tinham contagiado a todos, de ambos os lados, a ponto que dois dos administradores já eram de parecer de construir a capela menor. Numa reunião, que Gabriel Arns presidia, pôs ambas as plantas da capela à vista de todos e, com a sua peculiar habilidade em tais momentos, combinou com antecedência com as pessoas das quais tinha certeza de terem a mesma opinião como a sua, sentarem-se juntos. Aberta a sessão expôs aos presentes os prós e contras de uma e de outra planta. Posta em discussão houve impetuosos debates. Finalmente, foram para a votação que se fez nominalmente, começando pela turma que optava pela planta da igreja maior. Como estes votavam "a maior", os indecisos assim também se manifestaram, ficando menor o número de pessoas que votaram "a menor".

Vencedores e vencidos, em gesto bem democrático, puseram mãos à obra. As pedras para os alicerces foram carregadas todas do terreno de Bernardo Warmling, a areia tirada nas praias do rio, a madeira tirada das diversas propriedades franqueada e serrada a braço, os tijolos feitos perto do local da construção, a cal transportada em carro de boi desde Pontão, nas imediações de Jaguaruna. Para o telhado bastante inclinado da capela, que obedecia um tanto o estilo gótico, não podiam ser usadas as telhas que por aqui existiam, devido a seu declive acentuado; comprou-se máquina com a qual se faziam telhas planas de cimento e areia.

Com o material já bastante pronto, veio de Nova Veneza o pedreiro Luís Bratti com outros para construírem a capela. Desde o início dos debates para a planta maior, já ficara entendido que se construiria só a nave da igreja e no arco da entrada para o presbitério se fecharia com tijolos sem armação com as paredes que formavam o arco, para que facilmente se pudesse removê-los sem prejudicar as paredes, quando no futuro se pretendesse construir o presbitério.

A nave primitiva da igreja tinha 16 por 25 m de dimensões, com duas portas laterais e a porta principal da entrada no centro. Anexada à parede da porta principal, se erguia a torre de 25m de altura. A direita da porta de entrada ficava a escada que dava para o coro, sustentado por

duas colunas com vigas de madeira, uma apoiando-se sobre as colunas, e entre si ligadas até as paredes laterais.

Com os parcos recursos e com todas as dificuldades que sobrevieram, os nossos colonos não desanimaram, e, no fim do ano de 1920, a igreja estava quase pronta, faltando apenas o assoalho e outros trabalhos de pouca monta.

Todo o serviço de carpintaria foi executado pelo alemão Karl Volkmann, um dos integrantes da imigração de Anitápolis no começo deste século. Era carpinteiro hábil que levou a bom termo a difícil armação para a coberta e a arcada da abóbada.

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