4.3.- Construção da Capela.
É evidente que, depois de termos construído a
primeira escola, também surgiu a ideia da construção da casa de Deus, a capela ou
Igreja.
Tentou-se,
primeiro, um entendimento entre a colônia vizinha, São Bento, ambas ainda pequenas,
para unirem-se e construir a capela que viesse a servir a ambas as povoações. Também
S. Bento endossava a ideia dessa união. Vieram às reuniões de ambas as partes,
quando se discutiu a localização da capela. Começou o jogo de empurra para cá,
empurra para lá, ou o de puxar para cá e puxar para lá. São Bento cedeu até ao
local onde hoje mora Germano Warmling além do rio S. Bento e Forquilhinha até
ao local onde reside Vericundo Tiscoski, na margem direita do rio Mãe Luzia. A
distância entre os dois locais não ultrapassava dois quilômetros. Nenhuma parte
cedeu e malograram todos os entendimentos. O malogro gerou certa rivalidade entre
as duas colônias irmãs e se arrastou por muitas décadas. Presentemente a
rivalidade se extinguiu quase por completo e, acreditamos, de parte a parte,
todos bendizem o desacerto.
Frustrados assim os entendimentos para a
capela em comum e dispondo a nossa colônia de uma área de terras de cerca de 1O
ha, doado por João José Back, na margem esquerda do rio Mãe Luzia, área esta destinada
para a escola e para a capela, onde fora já edificada a escola decidiu-se a
construção da capela no referido terreno, que oferecia ótimas condições topográficas,
apresentando relevo bem acentuado e afastado mais de duzentos metros da estrada
geral de Criciúma a Araranguá, hoje a rua principal, a Avenida 25 de Julho. Na
extrema da parte sul se escolheu o local para edificar a primeira capela.
Durante os anos de 1917 a 1919, Forquilhinha
tinha recebido considerável acréscimo de novos moradores. Eram estes os dois
irmãos Davi e Joaquim Junkes, os três irmãos Bernardo, Antônio e José Eyng, os
dois irmãos Nicolau e João Preis, aquele com os dois filhos Antônio e Leopoldo,
os três irmãos Evaldo, Edmundo e Francisco Hoepers, os dois irmãos Jorge e José
Steiner, Frederico Oderdenge, Gabriel Westrup, José Sehnem e Paulo Hahmann,
Felipe Boeing, Antônio Heerdt, Pedro João Loch, Francisco Back, João Kurtz Sênior
e João Kurtz Filho, Carlos Kühlkamp, o Matias Back, com as respectivas
famílias.
Reforçado assim o número de moradores, a animação
cresceu rapidamente, No ano de 1919, de posse de duas plantas para a construção
da capela, uma pequena e a outra maior, como sempre, em tais circunstâncias, havia
opiniões divergentes quanto ao tamanho da capela e
outras
particularidades. Os moradores de Forquilhinha, numa reunião, elegeram três pessoas
para serem os administradores da construção. Foram escolhidos Gabriel Arns, Frederico
Oderdenge e Bernardo Kestering.
As divergências de opiniões quanto ao tamanho
da capela já tinham contagiado a todos, de ambos os lados, a ponto que dois dos
administradores já eram de parecer de construir a capela menor. Numa reunião,
que Gabriel Arns presidia, pôs ambas as plantas da capela à vista de todos e,
com a sua peculiar habilidade em tais momentos, combinou com antecedência com
as pessoas das quais tinha certeza de terem a mesma opinião como a sua,
sentarem-se juntos. Aberta a sessão expôs aos presentes os prós e contras de
uma e de outra planta. Posta em discussão houve impetuosos debates. Finalmente,
foram para a votação que se fez nominalmente, começando pela turma que optava
pela planta da igreja maior. Como estes votavam "a maior", os indecisos
assim também se manifestaram, ficando menor o número de pessoas que votaram "a
menor".
Vencedores e vencidos, em gesto bem democrático,
puseram mãos à obra. As pedras para os alicerces foram carregadas todas do terreno
de Bernardo Warmling, a areia tirada nas praias do rio, a madeira tirada das
diversas propriedades franqueada e serrada a braço, os tijolos feitos perto do
local da construção, a cal transportada em carro de boi desde Pontão, nas imediações
de Jaguaruna. Para o telhado bastante inclinado da capela, que obedecia um
tanto o estilo gótico, não podiam ser usadas as telhas que por aqui existiam,
devido a seu declive acentuado; comprou-se máquina com a qual se faziam telhas
planas de cimento e areia.
Com o material já bastante pronto, veio de
Nova Veneza o pedreiro Luís Bratti com outros para construírem a capela. Desde
o início dos debates para a planta maior, já ficara entendido que se
construiria só a nave da igreja e no arco da entrada para o presbitério se
fecharia com tijolos sem armação com as paredes que formavam o arco, para que
facilmente se pudesse removê-los sem prejudicar as paredes, quando no futuro se
pretendesse construir o presbitério.
A nave primitiva da igreja tinha 16 por 25 m
de dimensões, com duas portas laterais e a porta principal da entrada no
centro. Anexada à parede da porta principal, se erguia a torre de 25m de
altura. A direita da porta de entrada ficava a escada que dava para o coro,
sustentado por
duas
colunas com vigas de madeira, uma apoiando-se sobre as colunas, e entre si
ligadas até as paredes laterais.
Com os parcos recursos e com todas as dificuldades
que sobrevieram, os nossos colonos não desanimaram, e, no fim do ano de 1920, a
igreja estava quase pronta, faltando apenas o assoalho e outros trabalhos de
pouca monta.
Todo o serviço de carpintaria foi executado
pelo alemão Karl Volkmann, um dos integrantes da imigração de Anitápolis no começo
deste século. Era carpinteiro hábil que levou a bom termo a difícil armação
para a coberta e a arcada da abóbada.
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