sábado, 2 de março de 2013

História de Forquilhinha : Por Adolfo Back - XXIII


4.5.- Visitas dos Padres da Congregação do Sagrado Coração de Jesus.

 

O Vigário de Nova Veneza e, portanto, também o nosso, era italiano nato e não conhecia a língua materna de nossos moradores de Forquilhinha e estes, por seu turno, dado o isolamento e abandono total, em que sempre viveram, sem estradas e sem escolas, não compreendiam o vernáculo e muito menos a língua italiana.

Por outro lado, em matéria de religião, o que foi infundido desde a mais tenra idade na língua materna, seja essa o idioma que for, penetra mais profundo na alma de cada indivíduo. E mesmo que se conheça outro idioma profundamente, um sermão, uma exortação, não cala, não enternece a alma como na língua em que se aprenderam os ensinamentos da lei de Deus e sua Santa Igreja, dados pela carinhosa e boa mãezinha desde a mais tenra idade. Destas afirmativas ninguém em sã consciência pode fugir: Idioma nenhum é tão persuasivo como o materno.

O sacerdote a quem são confiadas as almas de sua paróquia, deveria conhecer a língua materna dos maiores grupos de sua jurisdição, ou pelo menos, facilitar e estimular a vinda periódica de sacerdotes que pudessem atender a tais grupos. O milagre de Pentecostes não continua a se repetir por todos os tempos. Na História dos Apóstolos consta que os apóstolos, falando em aramaico, foram compreendidos por grande multidão de muitas línguas e cada qual ouvia os apóstolos falarem em sua língua materna. Este fato histórico está a indicar e reforçar os nossos conceitos.

Estribado nestes pareceres é que se procurava, no decurso dos tempos, obter um sacerdote conhecedor do idioma de nossos moradores.

Por ocasião das confissões pascais - desobriga -, não podendo conseguir sacerdote capacitado a atender na língua materna, ia-se, principalmente as senhoras e moças, a cavalo até Cocal, onde um sacerdote, Padre Francisco Chilinski, falava a língua alemã e atendia as confissões. Quantos sacrifícios isto representava, se considerarmos o jejum a começar de zero hora até, às vezes, 10 horas, a distância de 40 km entre Forquilhinha e Cocal, e isto a cavalo. Também aconteceu que, lá chegando, o padre estava ausente e deviam voltar, sem serem atendidos.

Muito natural era, pois, que tudo se fizesse para obter um sacerdote conhecedor da língua materna. Assim foi que, com o beneplácito do Vigário e com a autorização do Arcebispo de Florianópolis, conseguimos por alguns anos a vinda de padres da Congregação do Sagrado Coração de Jesus de Tubarão.

O primeiro com esta autorização foi o padre João Stolte, que periodicamente fazia a visita à nossa igreja. Era ele exímio pregador, que, com suas repetidas visitas, deu considerável impulso à vida religiosa da nossa colônia. Animou-nos a adquirir os paramentos e objetos mais necessários para o culto divino. Embora a nossa igreja já tivesse por patrono o Sagrado Coração de Jesus, o padre João incentivou a devoção ao Coração de Jesus e encorajou os nossos colonos na árdua tarefa da construção de nossa segunda escola.

Após a sua remoção de Tubarão, veio o padre Geraldo Spettmann, que era por muito tempo Vigário de Tubarão. Quando ele não podia vir, mandava um seu auxiliar, o padre Foxius, Poggel e outros. Muito a colônia de Forquilhinha deve a estes zelosos sacerdotes. Esta situação se prolongou até 1931, quando então veio o Rev.mo Padre Paulo Linnartz como coadjutor do Vigário de Nova Veneza, fixando residência em Forquilhinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário