4.5.-
Visitas dos Padres da Congregação do Sagrado Coração de Jesus.
O Vigário
de Nova Veneza e, portanto, também o nosso, era italiano nato e não conhecia a
língua materna de nossos moradores de Forquilhinha e estes, por seu turno, dado
o isolamento e abandono total, em que sempre viveram, sem estradas e sem
escolas, não compreendiam o vernáculo e muito menos a língua italiana.
Por outro
lado, em matéria de religião, o que foi infundido desde a mais tenra idade na língua
materna, seja essa o idioma que for, penetra mais profundo na alma de cada indivíduo.
E mesmo que se conheça outro idioma profundamente, um sermão, uma exortação,
não cala, não enternece a alma como na língua em que se aprenderam os
ensinamentos da lei de Deus e sua Santa Igreja, dados pela carinhosa e boa
mãezinha desde a mais tenra idade. Destas afirmativas ninguém em sã consciência
pode fugir: Idioma nenhum é tão persuasivo como o materno.
O sacerdote
a quem são confiadas as almas de sua paróquia, deveria conhecer a língua materna
dos maiores grupos de sua jurisdição, ou pelo menos, facilitar e estimular a
vinda periódica de sacerdotes que pudessem atender a tais grupos. O milagre de
Pentecostes não continua a se repetir por todos os tempos. Na História dos
Apóstolos consta que os apóstolos, falando em aramaico, foram compreendidos por
grande multidão de muitas línguas e cada qual ouvia os apóstolos falarem em sua
língua materna. Este fato histórico está a indicar e reforçar os nossos conceitos.
Estribado
nestes pareceres é que se procurava, no decurso dos tempos, obter um sacerdote
conhecedor do idioma de nossos moradores.
Por ocasião
das confissões pascais - desobriga -, não podendo conseguir sacerdote capacitado
a atender na língua materna, ia-se, principalmente as senhoras e moças, a cavalo
até Cocal, onde um sacerdote, Padre Francisco Chilinski, falava a língua alemã
e atendia as confissões. Quantos sacrifícios isto representava, se
considerarmos o jejum a começar de zero hora até, às vezes, 10 horas, a
distância de 40 km entre Forquilhinha e Cocal, e isto a cavalo. Também
aconteceu que, lá chegando, o padre estava ausente e deviam voltar, sem serem
atendidos.
Muito
natural era, pois, que tudo se fizesse para obter um sacerdote conhecedor da língua
materna. Assim foi que, com o beneplácito do Vigário e com a autorização do
Arcebispo de Florianópolis, conseguimos por alguns anos a vinda de padres da
Congregação do Sagrado Coração de Jesus de Tubarão.
O primeiro
com esta autorização foi o padre João Stolte, que periodicamente fazia a visita
à nossa igreja. Era ele exímio pregador, que, com suas repetidas visitas, deu
considerável impulso à vida religiosa da nossa colônia. Animou-nos a adquirir
os paramentos e objetos mais necessários para o culto divino. Embora a nossa
igreja já tivesse por patrono o Sagrado Coração de Jesus, o padre João
incentivou a devoção ao Coração de Jesus e encorajou os nossos colonos na árdua
tarefa da construção de nossa segunda escola.
Após a sua
remoção de Tubarão, veio o padre Geraldo Spettmann, que era por muito tempo
Vigário de Tubarão. Quando ele não podia vir, mandava um seu auxiliar, o padre
Foxius, Poggel e outros. Muito a colônia de Forquilhinha deve a estes zelosos
sacerdotes. Esta situação se prolongou até 1931, quando então veio o Rev.mo
Padre Paulo Linnartz como coadjutor do Vigário de Nova Veneza, fixando
residência em Forquilhinha.
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