5.-
Flagelos.
5.1.-
Epidemia.
Quase todos
os anos e mesmo às vezes em um mesmo ano, se repetem enchentes do rio Mãe
Luzia, transbordando por suas margens de lado a lado, que aliás representam
altura, no máximo de 7 metros de seu nível normal, penetrando pelas partes de
maior depressão e evadindo por estas, tomando-se torrente de maior ou menor
velocidade, de acordo com o volume de água que aflui de transbordo das margens.
Estas enchentes não põem em perigo as vidas dos moradores e dos animais; pois;
não é conhecido, em toda a sua história, um tão grande volume de água que
ameaçasse a estas vidas.
Atribui-se
este fato às grandes planícies em ambas as margens e ao rápido escoamento pelo rio
e pelas planícies laterais. Acontecendo estas enchentes quando as lavouras
ribeirinhas ainda não estiverem colhidas, o prejuízo pode ser grande vulto. Também se torna
maléfica a enchente, quando os terrenos estão apenas por pouco tempo lavrados e
as águas com facilidade os revolvem.
Mas não pretendemos
denominar estes eventuais prejuízos como flagelo, mas sim outros fatos, principalmente,
em dois anos consecutivos.
O primeiro se deu em 1918,
justamente o ano em que Forquilhinha recebera considerável acréscimo de novos moradores. Uma disenteria epidêmica,
conhecida vulgarmente com o nome de cãibra de sangue, atacou todas as redondezas,
e poucas famílias eram as que ficaram poupadas desta terrível doença. Em muitos
casos, porém os membros da família eram todos atacados e isto por longo tempo.
Os casos fatais não foram poucos. Na família de Evaldo Hoepers faleceram dois,
na de José Steiner vieram três filhos a falecer. Hospitais e recursos médicos
não havia, a não ser em Tubarão. Tudo ficou paralisado, a escola e todos os trabalhos
da lavoura. O espírito samaritano de nosso povo se fez sentir. Todas as pessoas
não atacadas vieram a socorrer e as famílias em situação aflitiva. Usavam-se
apenas os chás caseiros. Os casos mais tristes se apresentavam justamente
quando o doente entrava no período de reconvalescência. A alimentação só era
administrada em líquidos como a canja, o leite e até o soro do leite. O doente,
no entanto, já apetecia pelos alimentos sólidos, que não podiam ser dados
devido ao perigo do rompimento dos intestinos. Principalmente as crianças
choravam de fome e não podiam ser saciadas.
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