domingo, 3 de março de 2013

História de Forquilhinha : Por Adolfo Back - XXXII


5.- Flagelos.

 

 

5.1.- Epidemia.

 

Quase todos os anos e mesmo às vezes em um mesmo ano, se repetem enchentes do rio Mãe Luzia, transbordando por suas margens de lado a lado, que aliás representam altura, no máximo de 7 metros de seu nível normal, penetrando pelas partes de maior depressão e evadindo por estas, tomando-se torrente de maior ou menor velocidade, de acordo com o volume de água que aflui de transbordo das margens. Estas enchentes não põem em perigo as vidas dos moradores e dos animais; pois; não é conhecido, em toda a sua história, um tão grande volume de água que ameaçasse a estas vidas.

Atribui-se este fato às grandes planícies em ambas as margens e ao rápido escoamento pelo rio e pelas planícies laterais. Acontecendo estas enchentes quando as lavouras ribeirinhas ainda não estiverem colhidas, o prejuízo pode ser grande vulto. Também se torna maléfica a enchente, quando os terrenos estão apenas por pouco tempo lavrados e as águas com facilidade os revolvem.

Mas não pretendemos denominar estes eventuais prejuízos como flagelo, mas sim outros fatos, principalmente, em dois anos consecutivos.

O primeiro se deu em 1918, justamente o ano em que Forquilhinha recebera considerável  acréscimo de novos moradores. Uma disenteria epidêmica, conhecida vulgarmente com o nome de cãibra de sangue, atacou todas as redondezas, e poucas famílias eram as que ficaram poupadas desta terrível doença. Em muitos casos, porém os membros da família eram todos atacados e isto por longo tempo. Os casos fatais não foram poucos. Na família de Evaldo Hoepers faleceram dois, na de José Steiner vieram três filhos a falecer. Hospitais e recursos médicos não havia, a não ser em Tubarão. Tudo ficou paralisado, a escola e todos os trabalhos da lavoura. O espírito samaritano de nosso povo se fez sentir. Todas as pessoas não atacadas vieram a socorrer e as famílias em situação aflitiva. Usavam-se apenas os chás caseiros. Os casos mais tristes se apresentavam justamente quando o doente entrava no período de reconvalescência. A alimentação só era administrada em líquidos como a canja, o leite e até o soro do leite. O doente, no entanto, já apetecia pelos alimentos sólidos, que não podiam ser dados devido ao perigo do rompimento dos intestinos. Principalmente as crianças choravam de fome e não podiam ser saciadas.

 

 

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